Professor
Estava eu neste domingo com minha Tia Eliane. Conversávamos sobre ser professor. Eu colocava meu ponto de vista como um professor da ativa em escolas particulares e ela sobre suas opiniões docentes de um professora aposentada do estado. Em determinado momento ela me passou um texto, de autor desconhecido, que recebeu em uma greve dos professores. Achei um texto muito forte. Abaixo o transcreverei.
PROFESSOR
Professor... tu és um burro...
Porém, não um burro
Desses que andam por aí,
Puxando carroça
Ou comendo feno,
Sendo cargueiro sofrido,
Ou pastando a grama verde
Que a natureza oferece,
Orneando gostoso
Para anunciar chuva
Ou estercando simplesmente
Pelos caminhos que trilham!
Porque o burro de quem falo, professor,
É um animal irracional inteligente,
Não conhece cartilha,
Nem as quatro operações.
Não convive com gente
E desconhece leis.
Não tem religião alguma,
E nunca pisou numa escola.
No entanto, este burro
É responsável e coerente:
Cumpre seus deveres de asno,
Reage imediatamente
Ao receber chicotadas,
Muitas vezes com o justo coice.
Sabe ele que é hora,
De puxar, de lutar,
Que é hora de fazer algo,
Que é hora de agir!
Mas tu és o burro mais burro
De que o mais burro burro.
Porque tu, que tens cartilha,
Conheces as quatro operações,
Que tens o domínio da língua,
Sofrem calado o nada fazes,
Nem és capaz de exigir e reclamar
Os teus direitos que te são negados.
Sofres calado e nem reclamas
Quando te negam publicamente
Desde a carroça, teu principal instrumento
Até o pão que mata a fome dos teus burrinhos em casa.
Recebes as chicotadas e nem tens
A dignidade de reclamar, de reagir.
Lamentavelmente
Tu és um irresponsável!
Porque ninguém mais do que tu
Sabes da precariedade da Educação
Desta pasta tão importante
Para o futuro da nação.
Porque ninguém mais que tu
Sabe do abismo em que estamos caindo
Nós, a juventude inovante,
que não tem culpa de nada
E não deve pagar
Por estruturas erradas.
Tu que sabes dos amontoados
De alunos nas salas de aula!
Tu que sabes da precariedade
De material e do meio físico!
Tu que está ciente
Da falta de elemento humano!
Tu que conheces os motivos
Da triste decadência do ensino,
Das reprovações em redações,
Nos vestibulares das capitais.
Tu que prevês as falhas terríveis
Na formação dos homens de amanhã.
Falha essa, fruto desta Educação podre.
Sofres calado, acovardado.
(E eu sei que tu sofres)
És um burro irresponsável,
Um burro que não assume,
Um burro desajustado,
És um burro covarde,
Um burro barato!
Pasta hoje burro! Pasta!
E chora copiosamente amanhã
Pela certeza do dever não cumprido!
Pasta burro...
Cata a grama suja e seca.
Passa fome e não te preocupa
Com a situação atual!
Eu te responsabilizo pelo amanhã brasileiro!
Rasga teu diploma
Ou transforma-o em papel
Para outras finalidades!
Porque se tantos anos de estudo
Não te deram responsabilidade e sensatez,
Rasga esse papel nojento...
E puxa a carroça!
Tu tens o que mereces!
(Colaboração de um aluno aflito)
O texto acima foi feito na década de 80 do século passado...
O que mudou?
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